A equipe precisa estar preparada para inovar e para criar ferramentas de automações
O processo de transformação digital implica em implementação de novos softwares de tecnologia moderna, como foco na inovação. Mas, ao contrário de organizações que surgem já no formato digital e com a implementação automação de processos com software, costumavam funcionar bem como antigos sistemas operacionais.
Substituir os programas é a primeira coisa que passa pela cabeça da cúpula de uma organização decidida a mudar para o digital. A alteração, no entanto, nem sempre é tão simples. Automatizar processos rotineiros e até inovar em softwares de entrega sem a necessidade de transformar o sistema core do negócio são algumas alternativas.
Em alguns negócios, as empresas até suportam trabalhar dessa forma. Mas e quando o ramo possui uma plataforma que representa o centro do negócio, cujo a estrutura do sistema possui uma robustez essencial para o desenvolvimento da empresa?
Se esse sistema não possui testes automatizados, documentação necessária para criação de novas regras, dificuldade de manutenção por falta de mão de obra, e também, se é obsoleto, inviabilizando o aprendizado de novos desenvolvedores, estamos diante de uma plataforma legada.
Nesse caso, não há como simplesmente se desfazer da base de dados essencial ao core do negócio. Por isso, a substituição, que consiste na retirada completa do sistema para a utilização de um novo, pode ser uma decisão complexa.
David Ruiz CTO do Banco Paraná fala sobre essa mudança em um sistema de bancos.
“Existem softwares legados que você não vai substituir do dia para noite, então é preciso construir uma estratégia, é um legado que trouxe o banco até onde ele está, e você vai precisar conviver com ele. Você não vai fazer atualizações do tipo big bang, subir um super-release e vai conseguir substituir. Não tem como e você tem que tomar muito cuidado nessas decisões a serem feitas. Vamos dizer assim, trocar o motor com carro andando, então tem que ser muito pé no chão para que você possa entregar o novo, mas ao mesmo tempo não garguelar, porque o legado normalmente foi desenhado”, explicou.
A modernização, que pode ser entendida como uma evolução do sistema, uma mudança de nível mais alto, é a alternativa mais usada, na tentativa de tornar o sistema qualitativamente mais fácil de manter e de acompanhar a demanda por novos requisitos de negócio.
Especialistas apresentam algumas possibilidades para isso:
- Redesenvolvimento – quando o sistema deve ser totalmente refeito,
- Wrapping – propõe uma nova interface para o sistema ou parte dele, e a considerada mais complexa, a migração – atua na manutenção do sistema, prevendo benefícios a longo prazo.
Por isso, diante da indispensabilidade do legado e da necessidade de inovação, será preciso atuar em várias frentes para lidar com ele, de forma que não se perca informações, e se inove ao mesmo tempo. A manutenção consiste nas pequenas mudanças que ocorrem de forma incremental com o passar do tempo, tais como correções de erro ou melhorias.
E para realizá-la, existem, pelo mesmo, quatro modelos, usados e testados nesse processo de mudança:
- corretiva – corrige problemas conhecidos,
- adaptativas – ideal para adequá-lo a novos ambientes e mantê-lo útil,
- perfectiva – visam melhorias no desempenho,
- preventiva – corrige possíveis falhas futuras.
Também precisam ter equipes permanentes para cada tipo de manutenção. E quanto mais robusto o legado, mais profundo precisa ser o conhecimento desses atores sobre as plataformas. As organizações sabem exatamente do que estamos falando.
Segundo David, o desenvolvimento dessas soluções precisa evitar que esse legado aumente e, pra isso, é necessário ter uma estratégia e um time com expertise.
“A gente tem um time, um squad (time/equipe) focada em fazer essa ponte, do que as soluções digitais precisam e do que eu preciso do legado, então a gente tem um time que ajuda a construir uma ponte e garantir uma alta disponibilidade… cada squad tem sua autonomia dentro do banco, de construir os seus produtos e serviços, porém soluções mais complexas que vão tocar o legado passam por esse olhar tanto do domain expert quanto do time que liga com o legado”, ressaltou.
Modularização, arquitetura de micro serviços, testes automatizados, treinamentos e reciclagem, e práticas ágeis de gestão de equipes e projetos são indispensáveis e pré-requisitos em qualquer iniciativa de modernização, seja fazendo internamente ou através de outsourcing.
Para funcionar de forma eficiente, a equipe precisa estar preparada não somente para a inovação, como também para criar ferramentas e automações que agreguem valor no plano estratégico.
“A squad tem autonomia de tomar decisão. Por outro lado, a área de arquitetura corporativa atende como um grande acelerador de demandas a médio e curto prazo, enquanto a área corporativa consegue ajudar na pesquisa, na validação, ajuda aos squads a trabalharem num stack muito mais próximo e conseguem prever problemas e conseguem trazer já soluções para os squads no momento que eles precisam. É uma organização que a gente tem aqui, uma área de serviços compartilhados, onde entra inovação como serviço”, conclui Ruiz.
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Agora nos conte, você tem visto por aí iniciativas na gestão de soluções legadas? Entre em contato através do formulário abaixo se quiser bater um papo sobre este tema!