Case: A estratégia de inovação da Faber-Castell

Case: A estratégia de inovação da Faber-Castell


Uma empresa de 258 anos de existência e com mindset de inovação nas novas tendências


Uma gigante do mercado que poderia ter apostado na força da sua marca para seguir como uma empresa tradicional. A empresa, no entanto, resolveu dar um passo à frente e buscar o processo de inovação, de forma consistente, e com foco no seu consumidor. São 258 anos de existência e uma origem familiar, que se perpetua até os dias de hoje. E no Brasil, a Faber-Castell já atua há 90 anos com capital próprio.


Geração atrás de geração, a Faber-Castell se consolidou no imaginário de crianças e adolescentes, que, com efeito, puderam desenvolver habilidades com apoio e incentivo dos seus produtos. Há cerca de cinco anos, foi quando a empresa resolveu dar início ao seu processo de inovação. Desse modo, partiu de uma visão sobre o que seria o futuro da companhia e o que poderia ser feito em termos de tecnologia e gestão para eternizar a marca e torná-la mais competitiva no ecossistema atual.


Desse modo, a organização usou a estratégia de conhecer seu público e suas demandas, realizando pesquisas com consumidores de diferentes perfis. O head de inovação da empresa, Pavlos Dias explica como foi o início desse processo:

“O levantamento identifica dois principais pontos que são recorrentes nas respostas das pessoas sobre a percepção delas em relação a Faber-Castell: a primeira é a qualidade – muita gente atribui a gente, aos produtos da Faber a questão da qualidade. O segundo ponto – o mais importante ainda, o mais claro e cristalino – é a memória afetiva”.


Ele complementa contando qual era o sentimento das pessoas ao ouvir o nome da marca

“Quando eu falo para as pessoas que eu trabalho na Faber-Castell, os olhos delas brilham, as pessoas dão um sorriso e os menos tímidos falam que é a marca da infância e isso é muito legal”, contou Pavlos.


Uma vez conhecida a existência de uma memória afetiva tão profunda e de caráter positivo do ponto de vista emocional, o trabalho seguinte, portanto, foi buscar como esse processo cognitivo foi construído e o seu significado. A maioria delas usava a Faber-Castell em um momento especial.

“Elas pegavam uma folha em branco, pegavam o produto da folha Faber-Castell e criavam alguma coisa alguma coisa a partir daquilo ali. A gente estava junto com elas num momento de expressão, de criação, de alegria, de jogo, de brincar, tudo isso. Então, a gente abraçou muito essa causa da liberdade criativa e passou a ter como propósito tornar esse mundo um lugar mais criativo”, explicou.


Desse modo, a marca resolveu ajudar crianças e adultos a despertar o potencial criativo, e essa foi a primeira tese/estratégia de inovação desenvolvida pela Faber-Castell. A partir daí, a empresa passou a analisar os estudos que envolvem a criatividade.

“A criatividade é algo que não é um dom, a gente descobre que criatividade é um processo. É uma coisa que qualquer pessoa pode ter desde que ela treine isso, que ela desenvolva técnicas para poder ser mais criativo”.


Além disso, a conclusão de que esse processo também pode ser melhorado, levou a empresa a duas pesquisas desenvolvidas pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) – a agência espacial do Governo Federal dos Estados Unidos, com o objetivo de escolher os melhores engenheiros para a agência. As duas pesquisas chamaram a atenção por revelarem dados bastante antagônicas e por testarem o potencial criativo de adultos. 


Os pesquisadores desenvolveram um teste que testaria a capacidade de criatividade das pessoas. Desse modo, eles começam a aplicar o teste em diversos adultos, e após os resultados de que apenas 2% deles possuem um relevante poder de criatividade, eles estenderam a pesquisa até crianças.

“Desse modo, eles pegaram um grupo de 1.600 crianças com 5 anos dos Estados Unidos, de diversos lugares, de diversas classes sociais e aplicaram esse teste . Com isso, o resultado foi extraordinário: 98% das crianças tem alto potencial criativo. Quando a gente fala em alto potencial criativo a gente tá falando de gente capaz de criar coisas realmente incríveis”, comentou Pavlos.


Mas o estudo não parou por aí. Cinco anos depois eles buscaram as mesmas 1.600 crianças, aplicaram o mesmo teste e apenas 30% delas mantinham esse alto potencial criativo.

“Eles rodaram esse teste 5 anos depois e deu esse resultado de 30%. Com 15 anos eles testaram de novo as mesmas pessoas e o número foi para 12%”, contou.


Ao longo dos anos, eles continuaram aplicando esse teste em adultos, com mais de 200 mil pessoas, entre 20 e 50 anos.  E desses 200 mil adultos que eles testaram, contudo, apenas 2%, no final, apresentam alto potencial criativo.

“Trocando em miúdos, aos cinco anos de idade as crianças estão no seu auge de potencial criativo e ao longo do tempo isso só vai caindo e quando chega na idade adulta, na idade de estar no mercado de trabalho somente 2% são consideradas de alto potencial criativo”, analisou.


Como resultado disso, a Faber-Castell passa a desenvolver produtos e serviços que atendam a um público escolar e às escolas para ajudá-las a trabalhar com essa faixa etária e impulsionar o potencial criativo. E claro, isso inclui os pais também.

“O que fazer com eles em casa para ajudar a manter esse alto potencial criativo e serviço e produtos para as crianças mesmo. A nossa tese/estratégia está muito ligada a educação e a criatividade. Quando conseguimos atingir as duas coisas, é o melhor cenário para nós. Têm algumas coisas que miram só em uma, mas hoje a gente consegue pegar as duas coisas juntas e é onde nossa tese é mais forte, onde a gente está sempre tentando encontrar coisas”, disse Pavlos, em conclusão.


Pavlos dias foi um dos nossos entrevistados em um episódio recente do CorpUp Talks. Clique aqui e entre em contato se deseja conhecer essa entrevista na íntegra!

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