CTOTalks #4, artigo ping pong com Rodrigo Tassinari, CTO na Nuuvem

CTOTalks #4, artigo ping pong com Rodrigo Tassinari, CTO na Nuuvem


Rodrigo Tassinari é CTO da empresa brasileira Nuuvem, distribuidora de jogos digitais para os sistemas operacionais Windows, macOS e Linux.

Formado em economia pela UFRJ, Rodrigo, não seguiu exatamente uma carreira tradicional dentro da programação. Autodidata com computadores desde muito cedo, quando fazia, inclusive, bicos como freelancer, foi somente quando atingiu a adolescência que Rodrigo teve dúvidas sobre a sua vocação, ao prestar vestibular: tendo passado em todos que prestou, à época, ele acabou por decidir cursar – nas palavras dele – o que era o mais perto da sua casa, uma decisão que mudou o curso da sua história e deu a ele uma bagagem diferenciada tornando-o o profissional que é hoje.

Esta já é a segunda vez que Rodrigo é CTO de uma empresa. Tendo iniciado na Nuuvem a cerca de um ano, antes disso, ele deteve o mesmo cargo na empresa de soluções tecnológicas Nexaas, com foco em gestão financeira, onde sua formação em economia foi de grande ajuda.

Em uma entrevista concedida a UBISTART, Rodrigo conta, com detalhes um pouco da sua trajetória e nos fala sobre o trabalho que tem realizado na empresa Nuuvem, em boa parte relacionado com a gestão das suas equipes, suas iniciativas de inovação e sobre a conciliação disso com o backlog da empresa, através da utilização de métodos ágeis.

Para quem não sabe, a empresa Nuuvem tem 8 anos de mercado, e é uma distribuidora brasileira de jogos digitais para os sistemas operacionais Windows, macOS e Linux. Através dela, é possível adquirir lançamentos, títulos clássicos e até mesmo coletâneas de jogos. Atualmente a loja conta com um catálogo de mais de 4.000 jogos de empresas como Warner Brothers, Ubisoft, Take 2, Konami e Rockstar, que podem ser ativados no Steam, Uplay, GOG.com, Battle.net ou Origin.

Veja aqui alguns trechos dessa conversa e fique sabendo um pouco mais sobre os rumos que tomou a carreira deste jovem economista, apaixonado por programação e também sobre a história dessa empresa, que surgiu de uma iniciativa startup. Conheça os seus desafios de negócio enfrentados, as suas metas de expansão, e um pouco sobre o trabalho que está realizando lá agora, de desenvolver uma nova plataforma que não vai substituir a atual, mas que promete complementar a maneira de entregar games, no Brasil e no mundo todo.


UBISTART – Rodrigo, você, que transitou tanto pela área de negócios quanto a área de tecnologia, nos conte um pouco sobre o que é a Nuuvem e sobre a sua atuação lá hoje.

Rodrigo – A Nuuvem é uma plataforma de distribuição digital onde a gente vende jogos para pc, Mac e Linux. Uma empresa que começou em agosto de 2011, e que vai fazer 8 anos agora em agosto. Nós não só vendemos jogos. Tem uma série de outras coisas envoltas nesse ecossistema de jogos, no que diz respeito a comunicação com consumidores. Uma das coisas que destaca a Nuuvem de outras empresas, é a capacidade que ela tem de conseguir promoções e bons preços, batendo a concorrência, mesmo estrangeira. A Nuuvem começou trabalhando só no Brasil e se expandiu. Hoje ela vende no mundo todo, o Brasil ainda sendo o maior mercado. Eu comecei aqui na Nuuvem há um ano, e eu vim para cá não somente com o objetivo de aprimorar o que já estava sendo feito, mas também para trabalhar numa plataforma nova que não substituirá a atual, mas que complementará a maneira de entregar games.


UBISTART – Rodrigo, gostaria que você nos contasse um pouco mais sobre a sua trajetória, as empresas que você passou e de que forma ocorreu a sua aterrissagem na Nuuvem.

Rodrigo – Para alguém que está como CTO em uma empresa e já esteve em outras também, eu tenho até uma trajetória incomum: eu me formei em economia pela FIJ, mas eu sempre fui autodidata em programação desde criança, fazendo um monte de programa, trabalhando como freelancer desde pequeno. Na época de fazer vestibular eu fiquei muito na dúvida do que fazer, fiz alguns vestibulares para economia, outros para engenharia da computação e pensando que eu cursaria aquele em que eu passasse, mas não adiantou muito porque eu passei em todos. Eu acabei fazendo economia, acho que porque era o mais perto de casa, então literalmente ia a pé pra faculdade, mas acabei gostando foi uma experiência legal e quando comecei a estagiar, fui estagiar numa empresa de investimento, mas no mesmo local tinha uma empresa de software, que tinha sócios em comum e aí com o tempo acabei passando para o outro lado e trabalhando de vez com software, como programador e analista. Depois eu acabei virando sócio dessa empresa e fiquei por lá uns bons anos. Depois dali eu fui trabalhar em outra empresa que hoje se chama Nexaas, mas na época se chamava Myfreecomm. Lá eu também desenvolvia sistemas de gestão financeira tanto para pessoa física como pessoa jurídica, de programador eu evoluí para líder de projeto e eventualmente para CTO da empresa. Eu fiquei 7 anos na Nexaas, e lá eu tive uma experiência muito legal, trabalhando com vários produtos ao mesmo tempo, cada um com uma equipe pequena. No total a gente chegava a ter 38 desenvolvedores e metade disso de maneira totalmente remota, metade no Rio ou em São Paulo, em outro escritório. No ano passado vim pra cá pra Nuuvem já querendo mudar um pouco o desafio, o pessoal aqui tinha essa nova plataforma, o próprio desafio do sistema, as dificuldades de colocar no mercado algo enxuto e cheio de regras complexas para resolver, foi o que me atraiu. Então eu vim pra cá pra gente crescer a equipe e atacar esses problemas.


UBISTART – E você diria que a sua formação em outra área interferiu ou de certa forma contribuiu para a sua carreira em desenvolvimento? Quais foram as vantagens de ter uma formação em outra área em cima de uma área de tecnologia?

Rodrigo – É bem interessante, tem vantagens e desvantagens:  de certa forma, sempre você vai ter um pouco daquela síndrome do impostor, de você não achar que devia estar lá, de achar que teve gente que estudou pra isso e você não – o que não é bem verdade porque você também estudou só que de outra maneira. No fim, eu acho até que estudei mais pra coisas de computação do que para economia. Dependendo de onde você vai trabalhar, isso até pode ser um empecilho em termos de currículo, mas na maioria dos lugares que eu passei, isso nunca foi um problema. Eu por exemplo, quando estou analisando alguém, eu olho o currículo, claro, mas isso não é um fator determinante. E tem vantagens também, porque essa vivência me deu uma visão de mundo que eu não tinha antes e eu acho que nunca teria se não tivesse feito uma faculdade diferente. Acho que se eu tivesse feito só ciências da computação seria um pouco de mais do mesmo, em termos de visão do mundo e em termos de conhecimento. Claro que eu ia aprender outras coisas, mas o fato de ter uma área diferente, acho que isso enriquece no geral em termos de visão do mundo, conhecimento, contatos pessoas. Tanto que no início da minha carreira eu acabei trabalhando muito em questões financeiras das empresas, junto com software. Então era meio que uma junção das duas áreas. Deu um conhecimento de empresa e de funcionamento da economia que foi interessante também


UBISTART – E na Nuuvem hoje, como é seu papel nesse desafio? Essa é uma startup que já tem 8 anos de mercado e que já passou do momento de validação. Vocês já estão vendendo, vocês estão crescendo e a questão de estrutura hoje, vocês já estão com uma equipe otimizada, nos fale um pouco sobre isso: como é gerir essa equipe?

Rodrigo – Hoje nós estamos com uma equipe reduzida de 5, 6 pessoas de desenvolvimento, que cuida basicamente de todos os projetos. Os sistemas que a gente tem dentro, quem vê por fora vê só o site da Nuuvem, mas internamente são três sistemas que interagem entre si e também estamos adicionando um quarto sistema.  A nossa ideia é daqui a pouco aumentar a equipe especializando-a não por produto, e nem por tecnologia em si, mas por quem é o cliente e quem é o chefe de cada área. Tem o consumidor de jogo, tem o pessoal do backoffice, tem os nossos parceiros fornecedores. Então a ideia é ter uma subequipe pra poder gerir qualquer que seja o sistema e ter a tecnologia que atenda a cada um desses chefes e às suas demandas. É para esse caminho que a gente está indo.


UBISTART – E como é que está a questão de acesso na plataforma? Essa equipe hoje de 5, entre dar suporte à plataforma atual e ao mesmo tempo idealizar novas regras de negócio e novas funcionalidades: como é que vocês fazem a gestão disso hoje? Vocês usam alguma metodologia de desenvolvimento específico? Como metodologia ágil? Como é que você define a prioridade de backlog hoje para entender o que tem que entrar na pilha?

Rodrigo – Qualquer bug que apareça ele nem chega a entrar na área de prioridade, ele já é a primeira coisa a ser feita não importa o que havia planejado, mas nós fazemos o seguinte: a gente tem um backlog bastante grande de coisas de todo tipo. Tanto dos sistemas atuais quanto de funcionalidades novas ou até de plataformas novas como um todo e esse backlog a cada semana ou a cada duas semanas ele é repriorizado juntamente com os principais stakeholders que façam sentido para cada funcionalidade. É uma coisa rápida. E como é que é feita essa prioridade? Nós temos, para cada funcionalidade que está no backlog, uma pontuação bastante simples: small, medium, large, e extralarge, como se fossem tamanhos de camisa, e que consideram o impacto dessa funcionalidade em algumas áreas específicas como “eficiência interna”, “área estratégicas”, “eficiência externa”, tudo isso é pontuado no eixo “y”, e no eixo “x” a gente aponta o custo estimado de produzir aquilo ali. No desenvolvimento em si, trabalhamos com uma mistura de Kanban com Scrum, basicamente um Kanban onde a gente faz as interações semanais. Então hoje, segunda-feira, a gente fez de manhã nosso planejamento da semana, estimamos tudo que vamos entregar na sexta-feira. Aí na sexta entregamos, fazemos a revisão e a retrospectiva.


UBISTART – E qual é a área da empresa que pede mais demanda para vocês? É a área de vendas? De marketing? Ou é a própria diretoria da empresa pensando em inovação?

Rodrigo – Hoje em dia as duas áreas que estão bastante equiparadas são a diretoria da empresa e a área de marketing, este último mais relacionado à venda em si, ou seja, são solicitadas novas mecânicas de venda, mecânicas promocionais, automações, novas integrações com parceiros ou fornecedores etc.


UBISTART – Eu acho que nós estamos chegando na finalização da nossa entrevista e como é de praxe com os nossos convidados, a gente sempre pede a recomendação de algum livro que ele goste, não necessariamente um livro técnico, mas um livro que você enxergue que colaborou no seu crescimento, e também uma empresa ou uma pessoa que você segue e que você admire a metodologia e a forma de trabalho dela.

Rodrigo – Tem alguns livros sim que eu gostaria de indicar: O Programador Pragmático: De Aprendiz a Mestre, de Andy Hunt e Dave Thomas, que fala sobre os aspectos de ser um programador, nada muito técnico;  Gosto de dois que são mais técnicos e voltados para o design orientado a objetos, ambos da mesma autora: Practical Object-Oriented Design in Ruby: An Agile Primer, de Sandi Metz; 99 Bottles of OOP: A Practical Guide to Object-Oriented Design, de Sandi Metz e Katrina Owen e por fim, um livro que em tese não tem nada a ver com tecnologia nem com empresa, mas que no fundo tem tudo a ver, que é o Nonviolent Communication: A Language of Life, de Marshal B. Rosenberg. E Pessoas dessa área de CTO que eu gosto muito: o pessoal do GitLab, em especial o CEO: Sid Sijbrandij (https://twitter.com/sytses) eles são uma empresa que não só  ganha dinheiro, como ao mesmo tempo é uma empresa de mais de 100 pessoas trabalhando nela de maneira totalmente remota, não tem um escritório, então eles fazem tudo mais difícil e eles mostram que é possível , que dá trabalho, mas que é possível. Gosto muito do Jeff Atwood (Veja o Twitter de Jeff Atwood) também, cofundador da Stackoverflow and Discourse, e Job van der Voort  (https://twitter.com/Jobvo).

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Você gostou desse conteúdo? Quer saber um pouco mais do que rolou nessa conversa? Então CLIQUE AQUI e ouça esta entrevista na íntegra.

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